segunda-feira, 21 de abril de 2008

Testemunhos da terra: ex-combatente da guerra colonial - Francisco da Rocha

1. Nome: Francisco da Rocha (avô da aluna Vera Bessa, 10ºJ).

Localidade: Lousada Data de Nascimento: 07 de Abril de 1942

Local onde esteve na guerra: Angola de 1964 até 1966.

O que mais o marcou como agente dessa guerra? Quais as principais recordações/memórias desse período nessa região?
O que mais me marcou foi o clima de guerra e medo em que se vivia. Aqueles 26 meses foram, sem dúvida, os mais longos e dolorosos da minha vida. As saudades constituíam um dos meus maiores inimigos. A partida foi um momento de grande dor para mim, familiares e amigos. As memórias mais recorrentes foram sempre as mortes de alguns colegas e o momento em que fui ferido (alvejado no braço) pelo inimigo.

Como era passado o dia-a-dia? Que tipo de material bélico/transportes utilizavam?
Quando estava de serviço no mato tinha de prestar muita atenção a tudo o que me rodeava, pois a qualquer momento surgia o inimigo. Quando estava no Quartel aproveitava para descontrair (jogar às cartas com os colegas e a escrever para casa).
O material bélico era: arma individual J3, metralhadora pesada Broni e lança granadas. Em termos de transporte: o JMC, Unimags e jipes do exército.

Conhece alguém que tenha ficado ferido ou tenha falecido nessa guerra/conflito?
Sim. Faleceu um Capitão, um Furriel e um 1º Cabo no dia dois de Junho de 1965. Lembro-me como se fosse hoje…mesmo à minha frente…tragicamente atingidos por uma arma de fogo do inimigo!

Como se processava o relacionamento com os autóctones?
Em geral relacionava-me bem com os autóctones. Era essencialmente no Norte de África que os revolucionários mais se faziam sentir. Estes estavam contra Salazar e só queriam vingança sobre este e sobre o nosso país.


Concordava com este conflito? Justifique.
Embora tivesse participado neste conflito obrigatoriamente, concordava com a existência deste, pois para além de os angolanos terem morto muitos portugueses, este conflito desencadeou-se porque Angola nos queria tirar o que era nosso, pretendiam deixar de estar sob o domínio português, deixar de estar sob o domínio salazarista.


Francisco da Rocha

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